A relação conturbada entre o ex-presidente e o bilionário atinge novo patamar, com trocas de farpas e ameaças que reverberam no cenário político e econômico.
A amizade de meses entre o ex-presidente Donald Trump e o bilionário Elon Musk desmoronou de forma espetacular na última quinta-feira, com os dois homens mais poderosos do mundo engajados em uma troca de farpas pública e desagradável em suas respectivas plataformas de mídia social. A briga, que surpreendeu muitos, ocorre apenas alguns meses depois que os dois formaram uma aliança tão próxima que Musk chegou a dormir na Casa Branca, evidenciando a volatilidade das relações no alto escalão do poder.
O estopim para o conflito veio quando Musk, em seu primeiro ataque direto a Trump em meio a uma série de críticas ao projeto de lei de política de Trump, republicou um tweet de 2013 de Trump que expressava descrença e vergonha com a extensão do teto da dívida pelos republicanos. Musk legendou o repost com a frase ‘palavras sábias’, após Trump ter dito na quarta-feira que o limite da dívida deveria ser ‘totalmente descartado’ como uma provisão do projeto de lei, que aumentaria o teto da dívida antes de sua data de expiração esperada em agosto. Essa crítica pública de Musk marcou o início de uma escalada de tensões.
Em resposta, Trump, durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval, insinuou que o CEO da Tesla se opõe ao seu projeto de lei “One Big Beautiful Bill Act” porque estaria “chateado” com a remoção do crédito fiscal para veículos elétricos. O ex-presidente acrescentou que não tinha certeza se continuaria amigo de Musk e alegou que Musk “conhecia o funcionamento interno do projeto de lei”. Trump também sugeriu que Musk estaria sofrendo do que ele chama de “síndrome de perturbação de Trump”, que, segundo ele, ocorre quando as pessoas deixam a administração e se voltam contra o presidente.
Musk rapidamente rebateu as acusações de Trump, afirmando que a alegação de que ele se voltou contra o projeto de lei após a remoção do crédito fiscal para veículos elétricos era “falsa”. Ele twittou: “Falso, este projeto de lei nunca me foi mostrado uma única vez e foi aprovado no meio da noite tão rápido que quase ninguém no Congresso conseguiu lê-lo!”. O bilionário também alegou que, “sem mim”, Trump teria perdido a eleição, os democratas controlariam a Câmara e os republicanos teriam uma maioria mais estreita no Senado, acusando Trump de “tanta ingratidão” em um tweet subsequente, referindo- se à sua doação de mais de US$ 250 milhões para a campanha de Trump.
A retaliação de Trump não demorou a chegar. O ex-presidente escreveu: “A maneira mais fácil de economizar dinheiro em nosso Orçamento, bilhões e bilhões de dólares, é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon”, acrescentando: “Sempre me surpreendeu que Biden não o fizesse!”. Trump também afirmou que Musk estava “ficando chato” na Casa Branca e que ele “pediu para ele sair”, e que então ele “simplesmente enlouqueceu!” quando o crédito fiscal para veículos elétricos foi removido do projeto de lei. Musk, por sua vez, chamou a afirmação de Trump de que ele o havia pedido para sair de “mentira óbvia” e “tão triste”.
A briga pública entre os dois magnatas não se limitou a trocas de acusações. Musk chegou a endossar a sugestão de um usuário de que Trump deveria ser impichado e ameaçou desativar a espaçonave Dragon da SpaceX, usada pela NASA. Embora Musk tenha recuado em algumas de suas ameaças e sinais de trégua tenham surgido, a relação entre os dois permanece tensa, com Trump afirmando que Musk “perdeu a cabeça”. Este embate, que afeta tanto o cenário político quanto o econômico, com as ações da Tesla sofrendo quedas significativas, demonstra a complexidade e a imprevisibilidade das alianças no topo do poder global.
Donald Trump e Elon Musk
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