Sanções econômicas dos EUA sacodem o mercado global

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Impactos e respostas de Rússia, China, Canadá, México e Brasil às medidas dos EUA

As imposições econômicas impostas pelos Estados Unidos têm se consolidado como uma ferramenta poderosa de política externa, mas seus impactos reverberam muito além dos países-alvo, afetando o equilíbrio do mercado global. Em um cenário de crescente tensão geopolítica, nações como Rússia, China, Canadá, México e Brasil enfrentam desafios econômicos e estratégicos diferentes, enquanto tentam navegar pelas consequências diretas e indiretas dessas medidas. Com o governo americano intensificando o uso de medidas sob as administrações de Donald Trump e Joe Biden, o mundo assiste a uma reconfiguração das cadeias de abastecimento, dos fluxos comerciais e das relações internacionais.

A Rússia, alvo das principais sanções mais recentes, sentiu o peso das medidas após a invasão da Ucrânia em 2022. O país, uma potência em commodities como petróleo e gás, viu suas exportações para o Ocidente significativamente reduzidas. Em resposta, Moscou redirecionou suas vendas para a Ásia, com destaque para China e Índia, oferecendo descontos significativos. Apesar de uma previsão inicial de colapso econômico, o PIB russo caiu apenas 2,1% em 2022, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), com crescimento projetado de 2,2% em 2023. Esse desempenho surpreendente reflete a capacidade de adaptação da Rússia, mas também expõe o custo: o aumento da dependência de parceiros como a China e a evasão de sanções por meio de rotas alternativas, como o Brasil, que se tornou um destino importante para o diesel russo após os países europeus 2023.

A China, por sua vez, enfrenta um cenário ambíguo. Como maior parceiro comercial da Rússia, Pequim se beneficia do acesso a materiais primários baratos, mas também está no radar das avaliações americanas, especialmente em setores estratégicos como tecnologia. As restrições dos EUA à exportação de semicondutores para empresas chinesas, como a Huawei, limitam o avanço tecnológico do país, enquanto forçam uma busca por autossuficiência. Ao mesmo tempo, a ameaça de tarifas adicionais, como as prometidas por Trump em 2025 (10% sobre produtos chineses), pode desacelerar a economia chinesa, impactando a demanda por commodities exportadas por países como o Brasil.

Canadá e México, vizinhos e parceiros comerciais dos EUA no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), enfrentam uma pressão diferente. Em 2025, Trump anunciou tarifas de 25% sobre essas nações, justificadas por questões como imigração e tráfico de drogas. O Canadá, maior fornecedor de petróleo e aço para os EUA, tem o aumento dos custos para os consumidores americanos e a interrupção das cadeias de suprimentos integradas. O México, que exporta anualmente US$ 87 bilhões em veículos e peças automotivas, pode sofrer com uma perda de competitividade, fazendo com que as empresas remunerem investimentos na região. Ambos os países estão recebendo suspensões temporárias das tarifas em negociações recentes, mas a incerteza persiste.

Para o Brasil, os efeitos são indiretos, mas significativos. O país, que representa apenas 1,3% das importações americanas, escapou até agora de tarifas diretas. No entanto, as sanções à Rússia abriram oportunidades, como o aumento das exportações de diesel russo para o mercado sul-americano, liderado pelo Brasil. Por outro lado, uma eventual guerra comercial entre EUA e China pode reduzir a demanda chinesa por soja e minério de ferro brasileiro, pressionando a balança comercial. Além disso, a força do dólar, impulsionada por juros altos nos EUA, eleva os custos de importação e pode forçar o Banco Central brasileiro a manter a Selic em patamares elevados, freando o crescimento econômico.

Os especialistas alertam que as avaliações, embora eficazes em custos aos alvos, têm um sucesso limitado em alterações de comportamentos políticos. No caso russo, a popularidade de Vladimir Putin subiu para 83%, segundo o instituto Levada, indicando que as medidas podem unir a população em vez de enfraquecê-las. Enquanto isso, o mercado global enfrenta uma inflação persistente, cadeias de fornecimento fragmentadas e uma crescente polarização econômica. Para nações como Rússia, China, Canadá, México e Brasil, o desafio é encontrar um equilíbrio entre aproveitar oportunidades e mitigar os riscos de um mundo moldado pela política sancionatória dos EUA.

Por IA

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