Bolsonaro e a possível fuga

VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto

 A proximidade do carnaval e os temores de um exílio

Com a aproximação do Carnaval, surgem especulações sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro buscar refúgio em embaixadas, como já ocorreu no ano passado, quando passou dois dias na Embaixada da Hungria. Este cenário se intensifica diante das investigações em curso e das acusações que pesam sobre ele, incluindo tentativas de golpe e outros crimes. A situação gera um clima de incerteza, levando muitos a se perguntarem se o ex-presidente se prepara para uma fuga ou se permanecerá enfrentando as consequências de seus atos.

Leia abaixo matéria publicada por e no blog de Ricardo Noblat:

 

Quem avisa amigo é: Bolsonaro vai fugir. É só uma questão de tempo

O carnaval está próximo. No carnaval passado, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria. Só saiu de lá porque quis

Tudo que vimos pela televisão no domingo 8 de janeiro de 2023 não passou de um ato tresloucado de milhares de pessoas, inconformadas com a derrota de Bolsonaro, que invadiram a Praça dos Três Poderes e depredaram os prédios do Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. Retiraram-se em seguida, ou foram retiradas pela Polícia Militar do Distrito Federal que as guiou até lá, assegurando que não havia risco de baderna.

Mas, que golpe? O que assistimos boquiabertos no 8/1 sem entender o que se passava? Ou o golpe que Bolsonaro começou a tramar a três meses da eleição? Em julho de 2022, numa reunião ministerial presidida por ele, Bolsonaro falou em “uso da força como alternativa a ser implementada, se necessário”. Ele acabara de ouvir o comentário do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República:

“O que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”.

O conselho do general não foi ouvido ou não deu em nada por razões desconhecidas até aqui. Mas tão logo se consumou a vitória apertada de Lula, teve início a trama para impedir a posse do presidente eleito. Teve de tudo: acampamentos de golpistas em frente a QGs do Exército país afora; ataques à sede da Polícia Federal em Brasília; bomba afixada em um caminhão para destruir parte do aeroporto da cidade e pressão sobre os militares.

Tudo minuciosamente contado na denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República com base na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, nos depoimentos dos comandantes do Exército e da Aeronáutica que se recusaram a aderir ao golpe, e nas provas recolhidas pela Polícia Federal. A propósito: há mais coisas que serão reveladas em momento oportuno e as investigações da Polícia Federal ainda não terminaram.

O próprio Bolsonaro admitiu em entrevistas que examinou a decretação dos estados de defesa e de sítio, previstos na Constituição em casos de graves ameaças à ordem pública. Foi ele, porém, com a anuência dos chefes militares, que garantiu vida longa aos acampamentos na esperança de criar condições que o mantivesse no poder. Ao embarcar para os Estados Unidos, deixou a trama golpista em andamento, e não finda.

O que aguarda Bolsonaro, já inelegível até 2030, é ser condenado e preso por golpe de Estado e tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito; e depois por roubo de joias presenteadas ao Brasil por governos estrangeiros e falsificação de certificado de vacina contra a Covid-19. Ele irá esperar sentado que tudo isso ocorra? Ou em uma cela improvisada dentro de um quartel? Por mais que diga que caga para a prisão, não caga.

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